Sejam Bem Vindos á nossa Escola de Umbanda.

Sacerdote Evandro Otoni

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lançamento do Jornal Umbanda Tupã no issuu

Salve irmãos em Oxalá é com muita alegria e satisfação que colocamos nosso jornal que já existe a um ano  a disposição na internet, saímos do interno do templo e partimos para o mundo, com intuito reforçar a “Luta” que outros irmãos Umbandistas já vem travando para divulgar a nossa Religião levando ao conhecimento de nossos leitores temáticas sobre Umbanda, Magia Divina e outros assuntos Espiritualistas. Também aproveitamos para dar informações sobre as nossas ações internas.
      Como de costume no Jornal impresso todos os meses trazemos uma coluna sobre os nossos amigos e companheiros de jornada Srs( as) Exús, Pombogiras e os Exús e Pombogiras Mirins compromisso assumido por nos para desmistificação sobre esta linha de trabalho de imensa valia para humanidade e que são incompreendidos e caluniados por muitos, sendo vistos como demônios ou o lado mau de toda criação Divina, e aqui nos mudaremos estes conceitos preconceituosos, arbitrários e infundados dando o devido crédito aos nossos Sagrados protetores, Guardiões Executores da Lei e da Justiça Divina.
  Aqui sempre estaremos falando também sobre Magia Divina esta dadiva nos enviada por Deus, dando a condição a todos os iniciados (Magos) nos seus respectivos “Gráus” de ser servidores da Humanidade ,levando esperança, direcionamento, e cura a todos os necessitados.
       Temos uma preocupação de não deixarmos morrer os pontos Cantados por nossos primórdios, mantendo viva a cultura Umbandista dos Curimbeiros criamos aqui um cantinho especifico eles.
        Espero que nossas matérias e informações sejam de grande valia a todos, estaremos nos encontrando todos os meses aqui neste informativo para falarmos de nossa amada UMBANDA.
Que nosso Pai Oxalá estenda este nosso Axé a todos Irmãos leitores!!!!!!!

Evandro Otoni, Sacerdote de Umbanda Sagrada, Professor, Mago Iniciador e Tarólogo filho de Fé de Pai Rubens Saraceni.

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

O Altar na Umbanda

CONGÁ - ALTAR- PEGI -JACUTÁ
Altar na Umbanda - Congá

É o lugar onde são colocadas as Imagens, assentamentos, Ferramentas, Pedras e Minerais dos Orixás e falanges.
É ele o centro da imantação de um templo, pois é dali que emanam todas as Vibrações através de seus imãs.
A parte onde são colocados os imãs é fechada, pois eles não podem ficar a mostra. Tocar nos imãs ou assentamentos só é permitido ao Sacerdote, pois a ele pertence e somente no caso de algum problema com ele poderão ser tocados pela Mãe ou Pai pequeno.
Os assentamentos do Congá têm que ser limpos periodicamente.
Os filhos de santo da casa têm obrigação de saldar este altar antes de começar o ritual e no seu término.
Aos visitantes e consulentes a saudação só pode ser feita caso lhes tenha sido dada autorização.
Das extremidades do altar é que partem as vibrações para a corrente mediúnica.


SOBRE O CONGÁ

Ao chegarmos em um Templo de Umbanda, lugar sagrado onde a Espiritualidade se manifesta para bem e fielmente cumprir o que lhe é designado pelo Pai Maior (Tupã, Zambi, Olorum, Deus), via de regra observamos na posição frontal posterior do salão de trabalhos mediúnico-espirituais um ou mais objetos litúrgicos (cruz, imagens, símbolos, velas etc.), dispostos de modo bem visível e que despertam a atenção dos que ali se fazem presentes.
A este espaço especificamente destinado a recepcionar um conjunto de peças litúrgico magísticas, afixadas sobre certas bases, na Umbanda nomeamos de Conga (Jacutá - Altar- Pegi).
Um grande número de pessoas pertencentes a outros segmentos religiosos ou seitas, não conhecendo os fundamentos através dos quais a Umbanda se movimenta, o definem como sendo um local de idolatria e fetiches desnecessários. Já uma parte da coletividade Umbandista, mais preocupada com a forma de apresentação do que com a essência, também não têm noção do quão importante é o Conga para as atividades do Terreiro, notadamente em seus aspectos Esotéricos e Exotéricos.
Não queremos dizer com a citação de tais palavras que exista Umbanda Exotérica e Umbanda Esotérica. Umbanda é Umbanda e só, sem os designativos que infelizmente estamos acostumados a ouvir, produto da vaidade e do modismo de alguns.
O que existem sim é exoterismo e esoterismo dentro da ritualística umbandista, e isto são notórios para aqueles que observam com atenção os trabalhos de terreiro.
Feitas estas considerações preliminares, comecemos por esclarecer que, embora os dois termos retrocitados (Exotérico - Esotérico) sejam pronunciadas da mesma forma (homofonia - mesma sonorização), ambas possuem significados apostos, diferentes.
Diz-se Esotérico (Eso = Interno, velado, oculto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou procedimento, cuja significação somente é acessível a uma plêiade de pessoas, que por outorga espiritual e/ou sacerdotal alcançaram tal conhecimento.
Sua publicidade é velada, pelo menos a prioridade.

Conceitua-se Exotérico (Exo = Externo, aberto) a todo o objeto, fato, ato, informação ou procedimento, cuja significação é de conhecimento geral, alcançando a todos, de forma ostensiva, pública, vale dizer, sem nenhuma restrição quanto a sua razão de ser.
A nível Exotérico, o Congá funciona como ponto de referência ou lugar de intermediação ou fixação psíquica, para o qual são direcionadas ondas mentais na forma de preces, rogativas, agradecimentos, meditações etc.
É sabido que as instituições umbandistas recebem pessoas dos mais diferentes degraus evolucionais, umas dispensando instrumentos materiais para elevarem seus pensamentos ao plano invisível, e outras tantas, a maioria, necessitando de elos tangíveis de ligação para concentração, afloramento, e direcionamento do teor mental das mesmas.
No quesito Sugestibilidade, o Conga, por sua arrumação, beleza, luminosidade, vibração etc., estimula médiuns e assistentes a elevarem seu padrão vibratório e a serem envolvidas por feixes cristalinos de paz, amor, caridade e fraternidade, emanados pela Espiritualidade Superior atuante.
Também é através do Conga que muitas pessoas que adentram pela primeira vez em um templo umbandista conseguem identificar de pronto quais forças que coordenam os trabalhos realizados. Para os não-umbandistas, como é saudável e balsâmico visualizar uma imagem representativa de Jesus, posicionada em destaque, como que os convidando a fazerem parte desta grande obra de caridade que é a Umbanda.
Sim amigos leitores, a Umbanda é uma religião inteligentemente estruturada pela Divina Espiritualidade.
Enquanto algumas religiões vaidosamente insistem em ficar em seus pedestais, fazendo apologias e proselitismos em causa própria, ora se intitulando como sendo o consolador prometido, ora como a única igreja de Deus, sem se importarem com os diferentes níveis de consciências encarnadas, a Umbanda, assim como Jesus, se integra as multidões, acolhendo a todos, sem distinção alguma, sem catequizar ou bitolar doutrinariamente ninguém.

Religião é isto:
é atender a todas as classes sociais, econômicas, religiosas, étnicas e consciências, atingindo-as, amparando-as e respeitando as diversas faixas espírito-evolutivo.

Passemos a falar do aspecto Esotérico do Congá.
E o faremos de maneira parcial, uma vez que não é nossa finalidade “pescar” para ninguém, mas tão somente estimular o estudo e uma maior habitualidade de raciocínio no que diz respeito a temas de fundamento dentro da Umbanda, a fim de termos médiuns mais bem preparados e aptos a dignificarem nossa sagrada religião.
Imaginem uma Usina de Força. Assim ‘e o Templo Umbandista. Agora imaginem esta usina com três ou mais núcleos de força, cada qual com uma ou mais funções neste espaço de caridade.

O Congá é um núcleo de força, em atividade constante, agindo como centro atrator, condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos e níveis de energia e magnetismo.

É ATRATOR pq atrai para si todas as variedades de pensamentos q pairam sobre o terreiro, numa contínua atividade magneto-atratora de recepção de ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos.

É CONDENSADOR, na medida em q tais ondas ou feixes mentais vão se aglutinando ao seu redor, num complexo de cargas positivas e negativas, produto da psicosfera dos presentes.

É ESCOADOR, na proporção em q, funcionando como verdadeiro fio-terra (pára-raio), comprime miasmas e cargas negativas e as descarrega para a Mãe-Terra.

É EXPANSOR, pois q, condensando as ondas de pensamentos positivos emanados pelo corpo mediúnico e assistência, os potencializa e devolve para os presentes.

É TRANSFORMADOR no sentido de q, em alguns casos e sob determinados limites, funciona como um reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os e os vertendo, já reciclados, ao ambiente de caridade.

É ALIMENTADOR, pelo fato de ser um dos pontos do templo a receberem continuamente uma variedade de fluidos astrais, q além de auxiliarem na sustentação da egrégora da Casa, serão o combustível principal para as atividades do Congá.

O Congá não é mero enfeite; tão pouco se constitui num aglomerado de símbolos afixados. Congá dentro dos Templos Umbandistas tem fundamento, tem sua razão de ser, pois é pautado em bases e diretrizes sólidas, lógicas, racionais, magísticas, sob a supervisão dos mentores de Aruanda.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Oxalá
É o Trono Natural da Fé e seu campo de atuação preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade.
Fé! Eis o que melhor define o Orixá Oxalá. Sim, amamos irmãos na fé em Oxalá. O nosso amado Pai da Umbanda é o Orixá irradiador da fé em nível planetário e multidimensional. Oxalá é sinônimo de fé. Ele é o Trono da Fé que, assentado na Coroa Divina, irradia a fé em todos os sentidos e a todos os seres. Comentar Oxalá é desnecessário porque ele é a própria Umbanda. Logo, vamos nos afixar nas suas qualidades, atributos e atribuições.

QUALIDADES: As qualidades de Oxalá são, todas elas, mistérios da Fé, pois ele é o Trono Divino irradiador da Fé. Nada ou ninguém deixa de ser alcançado por suas irradiações estimuladoras da fé e da religiosidade. Seu alcance ultrapassa o culto dos Orixás, pois a religiosidade é comum a todos os seres pensantes. Jesus Cristo é um Trono da Fé de nível intermediário dentro da hierarquia de Oxalá. E o mesmo acontece com Buda e outras divindades manifestadoras da fé, pois muitos Tronos Intermediários já se humanizaram para falar aos homens como homens e , assim, melhor estimularem a fé em Deus. Todas as divindades irradiam a fé. Mas os Tronos da hierarquia de Oxalá são mistérios da Fé e irradiam-na o tempo todo.

ATRIBUTOS: Os atributos de Oxalá são cristalinos, pois é através da essência cristalina que suas irradiações nos chegam, imantando-nos e despertando em nosso íntimo os virtuosos sentimentos de fé. Saibam que a essência cristalina irradiada pelo Divino Trono Essencial da Fé é neutra quando irradiada. Mas como tudo se polariza em dois tipos de magnetismos, então o pólo positivo e irradiante é Oxalá e o pólo negativo e absorvente é Oiá. Oxalá irradia fé o tempo todo e Oiá absorve as irradiações religiosas desordenadas vibradas pelos religiosos desiquilibrados. Ela se contrapõe a ele porque a atuação dela é no sentido de absorver os excessos religiosos vibrados pelos seres que se excedem nos domínios da fé. Já Oxalá irradia fé e estimula a religiosidade o tempo todo, a todos.

ATRIBUIÇÕES: As atribuições de Oxalá são as de não deixar um só ser sem o amparo religioso dos mistérios da Fé. Mas nem sempre o ser absorve suas irradiações quando está com a mente voltada para o materialismo desenfreado dos espíritos encarnados. É uma pena que seja assim, porque os próprios seres se afastam da luminosa e cristalina irradiação do divino Oxalá... e entram nos gélidos domínios da divina Oiá, a Senhora do Tempo e dos eguns negativados nos aspectos da fé.

OFERENDAS: Oxalá é oferendado com velas brancas, frutas, côco verde, mel e flôres. Os locais para oferendá-lo são aqueles que mais puros se mostram, tais como: bosques, campinas, praias limpas, jardins floridos, etc. Já os regentes dos pólos negativos da linha da Fé não se abrem ao plano material e não são invocados ou oferendados.
 
O que é Magia?
Magia (não é mágica = ilusão), antigamente rotulada de "Grande Ciência Sagrada" pelos Magos, é uma ciência oculta que estuda os segredos da natureza e a sua relação com o homem, criando assim um conjunto de teorias e práticas que visam ao desenvolvimento integral das faculdades internas espirituais e ocultas do Homem, até que este tenha o domínio total sobre si mesmo e sobre a natureza.
Toda magia tem características ritualísticas, iniciáticas e cerimoniais que visam estabelecer contato do indivíduo com os aspectos ocultos do Universo e de Deus. A etimologia da palavra Magia, provém da Língua Persa, "magus" ou "magi", significando tanto imagem quanto "um homem sábio". Também existem outros significados como algo que exerce fascínio, como por exemplo quando se fala da "magia do cinema".etc.

No Colégio de Magia Divina utilizamos a definição de nossos Mestres:

"Magia é o ato consciente de ativar e direcionar energias elementares positivas ou negativas, universais ou cósmicas e ponto final." Agora, que energias são essas? Ai já outra questão...
Prática da Magia
A prática da magia requer o aprendizado (pelo iniciado, xamã, sacerdote, etc.) de diversas técnicas de autocontrole mental, como a meditação e a visualização. Franz Bardon, proeminente mago do séc. XX, afirmava que tais exercícios tem como objetivo equilibrar os quatro elementos presentes na psique do mago, condição indispensável para que o praticante pudesse se envolver com energias mais sutis, como a evocação e a invocação de entidades, espíritos e elementais (seres da Natureza), dentro de seu círculo mágico de proteção. Outras práticas mágicas incluem rituais como o de iniciação, o de consagração das armas mágicas, a projeção astral, rituais festivos pagãos de celebração, manipulação de símbolos e outros com objetivos particulares.
Magia NÃO é Religião...
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Muitas pessoas associam erradamente o ato magístico com religião e vice-versa. A despeito do que muitos imaginam a magia é muito mais antiga que a religião e muitas religiões utilizam-se de magia em seus rituais. Ambas utilizam-se (de forma consciente ou inconsciente) de poderes Divinos (e não humanos) para evocarem forças, energias, ondas, vibrações, etc. com algum propósito específico.
A questão não está se a magia funciona ou não funciona (pois ela SEMPRE funciona). Magia por definição é o ato de alterar uma realidade com base na determinação. Assim, mesmo que haja pela parte da força evocada o entendimento de que não há merecimento no pedido, ocorrerá com certeza uma mudança da realidade, nem que seja (inclusive) em contrário ao pedido do Mago.
Muitos sacerdotes detém autorga de suas Divindades para utilizarem-se de seus poderes divinos em benefício próprio ou de seus semelhantes. Mas não é necessário que um Mago seja religioso ou sacerdote para exercer seus dons. O difícil é dissociar as atividades de um Mago das de um sacerdote iniciado, pois geralmente os Magos optam por uma determinada religião que lhe ofereça condições de exteriorizar os poderes a ele conferidos.
Egrégora de Magia Divina
Egrégora provém do grego “egrégoroi” e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade. Todos os agrupamentos humanos possuem suas egrégoras características: todas as empresas, clubes, religiões, famílias, partidos, etc. Fazemos parte da Egrégora dos 7.777 Magos de Magia Divina formados pelo Mestre Rubens Saraceni.
Responsabilidade Magística
No Colégio tradição de Magia Divina praticamos apenas os conhecimentos baseados na Magia Divina outorgada e ministrada pelo Mago Rubens Saraceni.
Temos ciência, conhecimento e respeito pelas outras vertentes de Magia praticadas por outras pessoas, mas em nosso Colégio apenas ministramos conhecimentos com base na Magia Divina.
TODA a magia que praticamos e ensinamos é POSITIVA.

Este cigano é de origem Marroquina, tendo viajado por todo Continente Africano com grande exploração na Índia, detém inúmeras magias inclusive é grande Mestre das consideradas exclusivas do Povo Africano, como Búzios e Opelê-Ifá. É o cigano protetor da transformação, os que precisam transformar a sua vida em algum sentido pedem proteção a Ramiro, que tem a sabedoria de nos ensinar que tudo se transforma, inclusive a vida. É o cigano que ensina a vida como é no astral, e como ficam os condenados por Arangeloudhã. Ajuda nesta existência a partir de seu jogo de búzios, a “transformar” o que não esta de acordo. Cita suas pérolas e faz este “OFÓ”: “No Marrocos eu andei, na Índia morei, embaixo do sol de todos chorei. Embaixo da luz da lua de todos, eu ri. Fui bebe, hoje sou homem, ganhei da vida e também perdi. Me revoltei e levantei, por amor eu sofri. Hoje em espírito sou feliz. Tudo é transformação. Já fui ajudado e hoje ajudo, quero mostrar a transformação, que todos as barreiras podem ser derrubadas, sou espírito em comunhão com o teu espírito, passaremos por tendas e portais, encontrando pelos caminhos amigos e inimigos, a quem daremos muito amor. Que possa eu transformar o problema (dizer o que lhe aflige), desta pessoa e lhe ofertar luz, que saia todo o mal, que tudo seja esclarecido e encerrado, pela mercê de Santa Sara Kali e Dou-la”Amém.Tenha que o que for para o seu bem, Ramiro lhe ajudará, para agradar este cigano, oferte kibes e fru

Pai Antonio

"Preto-velho" na Cultura Brasileira e na Umbanda

Pai Antônio foi o primeiro preto-velho a se manifestar na Religião de Umbanda em seu médium Zélio Fernandino de Morais onde se esta be­leceu a Tenda Nossa Senhora da Piedade. Assim, ele abriu esta "linha" para nossa religião, introduzindo o uso do cachimbo, guias e o culto aos Orixás.

O "Preto-velho" está ligado à cultura religiosa Afro Brasileira em geral e à Umbanda de forma específica, pois dentro da Religião Umbandista este termo identifica um dos elementos for madores de sua liturgia, representa uma "linha de trabalho", uma "falange de espíritos", todo um grupo de mentores espirituais que se apresentam como negros anciões, ex-escravos, conhecedores dos Orixás Africanos.

São trabalhadores da espiritualidade, com características próprias e coletivas, que valorizam o grupo em detrimento do ego pessoal, ou seja, são simplesmente pretos e pretas velhas com Pai João, Pai Benedito da Cachoeira,Pai Zuluá, e Vó Maria, por exemplo.

Milhares de Pais João e de Avós Maria, o que mostra um trabalho desper sonalizado do elemento individual valorizando o elemento coletivo identificado pelo termo genérico "preto-velho". Muitos até dizem "nem tão preto e nem tão velho" ainda assim "preto velho fulano de tal". A falta de informação é a mãe do preconceito, e, no caso do "preto-velho", muitos que são leigos da cultura religiosa Umbandista ou de origem africana desconhecem valor do "preto-velho" dentro das mesmas.

Preto é Cor e Negro é Raça, logo o ter mo "preto-velho" torna-se característico e com sentido apenas dentro de um contexto, já que fora de tal contexto o termo de uso amplo e irrestrito seria "Negro Velho", "Negro Ancião" ou ainda "Negro de idade avançada" para identificar o homem da raça negra que encontra-se já na "terceira idade" (a melhor idade). Por conta disso alguns sentem-se desconfortáveis em utilizar um termo que à primeira vista pode parecer desrespeitoso ao citar um amável senhor negro, já com suas madeixas brancas, cachimbo e sorriso fácil, por trás do olhar de homem sofrido, que na humildade da subjugação forçada e escrava encontrou a liberdade do espírito sobre a alma, através da sabedoria vinda da Mãe África, na figura de nossos Orixás, vindo ao encontro da imagem e resignação de nosso senhor Jesus Cristo.

Alguns preferem chamá-los apenas de "Pais Velhos" o que é bonito ao ressaltar a paternidade, mas ao mesmo tempo oculta a raça que no caso é motivo de orgulho. São eles que souberam passar por uma vida de escravidão com honra e nobreza de caráter, mais um motivo de orgulho em se auto-afirmar "nêgo véio" e ex-escravo; talvez assim se mantenham para que nunca nos esqueçamos que em qualquer situação temos ainda oportunidade de evoluir. Quanto mais adversa maior a oportunidade de dar o testemunho de nossa fé.

O "preto-velho" é um ícone da Umbanda, resumindo em si boa parte da filosofia umbandista. Assim, os espíritos desencarnados de ex-escravos se identificam e muitos outros que não foram escravos, nesta condição, assim se apresentam também em homenagem a eles, por tê-los como Mestres no astral.

No imaginário popular, por falta de informação ou por má fé de alguns formadores de opinião, a imagem do "preto-velho" pode estar associada por alguns a uma visão preconceituosa, há ainda os que se assustam " com estas coisas" pois não sabem que a Umbanda é uma religião e como tal tem a única proposta de nos religar a Deus, manifestando o espírito para a caridade e desenvolvendo o sentimento de amor ao próximo. Não existe uma Umbanda "boa" e uma Umbanda "ruim", existe sim única e exclusivamente uma única Umbanda que faz o bem, caso contrário não é Umbanda e assim é com os "Preto-velhos", todos fazem o bem sem olhar a quem, caso con trário não é de fato um "preto-velho", pode ser alguém disfarçado de "velho-negro", o "preto velho" trabalha única e exclusivamente para a caridade espiritual.

São espíritos que se apresentam des ta forma e que sabem que em essência não temos raça nem cor, a cada encarnação, temos uma experiência diferente. Os pretos velhos trazem consigo o "mistério ancião", pois não basta ter a forma de um velho, antes, precisam ser espíritos amadurecidos e reconhecidos como irmãos mais velhos na senda evolutiva.

Quanto menos valor se dá a forma, mais valor se dá à mensagem, e "preto-velho" fala devagar, bem baixinho; quando assim se pronuncia, todos se aquietam para ouví-lo, parece-nos ouvir na língua Yorubá a palavra "Atotô", saudação a Obaluayê que quer dizer exatamente isso: "silêncio".

Nas culturas antigas o "velho" era sempre respeitado e ouvido como fonte viva do conhecimento ancestral. Hoje ainda vemos este costume nas culturas indígenas e ciganas. Algumas tradições religiosas man­têm esta postura frente o sacerdote mais velho, trata-se de uma herança cultural religiosa tão antiga quanto nossa memória ou nossa história pode ir buscar, tão antigos também são alguns dos pretos velhos que se manifestam na Umbanda.

Muitos já estão fora do ciclo reencarnacionista, estão libertos do karma, já desvendaram o manto da ilusão da carne que nos cobre com paixões e apegos que inexoravelmente ficarão para trás no caminho evolutivo.

Por tudo isso e muito mais, no dia 13 de Maio, dia da libertação dos es cravos eu os saúdo: "Salve os Pretos Velhos! Salve as Pretas Velhas! Adorei as Almas! Salve nosso Amado Pai Obaluayê, Atotô meu Pai! Salve nossa Amada Mãe Nanã Buroquê, Saluba Nana!"

PRECE-POEMA A PAI BENEDITO DE ARUANDA

- por Pai Ronaldo Linares -


Meu bondoso Preto-Velho!

Aqui estou de joelhos, agradecido constrito, aguardando sua benção.

Quantas vezes com a alma ferida, com o coração irado, com a mente entorpecida pela dor da injustiça eu clamava por vingança, e Tu, oculto lá no fundo do meu Eu, com bondade compassiva me sussurravas: ESPERANÇA.

Quantas vezes desejei romper com a humanidade, enfrentar o mal com maldade, olho por olho, dente por dente, e Tu, escondido em minha mente, me dizias simplesmente:

"Sei que fere o coração a maldade e a traição, mas, responder com ofensas, não lhe trará a solução. Pára, pensa, medita e ofereça-lhe o perdão. Eu também sofri bastante, eu também fui humilhado, eu também me revoltei e também fui injustiçado.

Das savanas africanas, moço, forte, livre, num instante transformado em escravo acorrentado, nenhuma oportunidade eu tive. Uma revolta crescente me envolvia intensamente, porque algo me dizia, que eu nunca mais veria minha Aruanda de então, não ouviria a passarada, o bramir dos elefantes, o rugido do leão, minha raça de gigantes que tanto orgulho tivera, jazia despedaçada, nua, fria, acorrentada num infecto porão.

Um ódio intenso o meu peito atormentava, por que OIÀ não mandava uma grande tempestade? Que Xangô com seus raios partisse aquela nave amaldiçoada, que matasse aquela gente, que tão cruel se mostrara, que até minha pobre mãezinha, tão frágil, já tão velhinha, por maldade acorrentara. E Iemanjá, onde estava que nossa desgraça não via, nossa dor não sentia, o seu peito não sangrava? Seus ouvidos não ouviam a súplica que eu lhe fazia? Se Iemanjá ordenasse, o mar se abriria, as ondas nos envolveriam; ao meu povo ela daria a desejada esperança, e aos que nos escravizavam, a necessária vingança.

Porém, nada aconteceu, minha mãezinha não resistiu e morreu; seu corpo ao mar foi lançado, o meu povo amedrontado, no mercado foi vendido, uns pra cá, outros pra lá e, como gado, com ferro em brasa marcado.

Onde é que estava Ogum? Que aquela gente não vencia, onde estavam as suas armas, as suas lanças de guerra? Porém, nada acontecia, e a toda parte que olhava, somente um coisa via... terra.

Terra que sempre exigia mais de nossos corpos suados, de nossos corpos cansados.

Era a senzala, era o tronco, o gato de sete rabos que nos arrancava o couro, era a lida, era a colheita, que para nós era estafa, para o senhor era ouro.

Quantas vezes, depois que o sol se escondia, lá no fundo da senzala, com os mais velhos aprendia, que o nosso destino no fim não seria sempre assim, quantas vezes me disseram que Zambi olhava por mim...

Bem me lembro uma manhã, que o rancor era grande, vi sair da casa grande, a filha do meu patrão. Ingênua, desprotegida, meu pensamento voou: eis a hora da vingança, vou matar essa criança, vou vingar a minha gente, e se por isso morrer, sei que vou morrer contente.

E a pequena caminhava alegre, despreocupada, vinha em minha direção, como a fera aguarda a caça, eu esperava ansioso, minha hora era chegada. Eu trazia as mãos suadas, nesse momento odioso, meu coração disparava, vi o tronco, vi o chicote, vi meu povo sofrendo, apodrecendo, morrendo e nada mais vi então. Correndo como um possesso, agarrei-a por um braço e levantei-a do chão.

Porém, para minha surpresa, mal eu ergui a menina, uma serpente ferina, como se fora o próprio vento, fere o espaço, errando, por minha causa, o seu bote tão fatal; tudo ocorreu tão de repente, tudo foi de forma tal, que ali parado eu ficara, olhando a serpente que sumia no matagal.

Depois, com a criança em meus braços, olhei meus punhos de aço que deviam matá-la... olhei seus lindos olhinhos que insistiam em me fitar. Fez-me um gesto de carinho, eu estava emocionado, não sabia o que falar, não sabia o que pensar.

Meus pensamentos estavam numa grande confusão, vi a corrente, o tronco, as minhas mãos que vingavam, vi o chicote, a serpente errando o bote... senti um aperto no coração, as minhas mãos calejadas pelo machado, pela enxada, minhas mãos não matariam, não haveria vingança, pois meu Deus não permitira que morresse essa criança.

Assim o tempo passou, de rapaz forte de antes, bem pouca coisa restou, até que um dia chegou, e Benedito acabou...

Mas, do outro lado da morte eu encontrei nova vida, mais longa, muito mais forte, mais de amor e de perdão, os sofrimentos de outrora já não importam agora, por que nada foi em vão...

Fomos mártires nessa vida, desta Umbanda tão querida, religião do coração, da paz, do amor, do perdão".



(Escrito por Pai Ronaldo Linares, em 20 de Outubro de 1964, entregue em mãos, por ele, ao Jornal de Umbanda Sagrada e publicado no mesmo em Maio de 2005).